segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Hinduísmo - Lord Ganesha

Ganesha é o primeiro filho de Shiva e Parvati,

Senhor ou "senhor dos obstáculos," seu nome é também escrito como Ganesa e Ganesh, e é uma das mais conhecidas e veneradas representações de deus.

. 'Ga' simboliza Buddhi (intelecto) e
'Na' simboliza Vijnana (sabedoria).

Ganesha é então considerado o mestre do intelecto e da sabedoria.

Ele é representado como uma divindade amarela ou vermelha,
com uma grande barriga, quatro braços e a cabeça de elefante com uma única presa, montado em um rato.

É habitualmente representado sentado, com uma perna levantada e curvada por cima da outra.
Tipicamente seu nome é prefixado com o título Hindu de respeito 'Shri' ou Sri.






Ganesha é o símbolo das soluções lógicas, e deve ser interpretado como tal.

Seu corpo é humano enquanto que a cabeça é de um elefante,
e ao mesmo tempo, seu transporte (vahana) é um rato.

Desta forma Ganesha representa uma solução lógica para os problemas,
ou "Destruidor de Obstáculos".
 


 
 
Sua consorte é Buddhi (um sinônimo de mente) e ele é adorado junto de Lakshmi (a deusa da abundância) pelos mercadores e homens de negócio.

A razão sendo a solução lógica para os problemas e a prosperidade são inseparáveis.
 


Ganesha é também um arquétipo cheio de múltiplos sentidos e simbolismo que expressa um estado de perfeição assim como os meios de obtê-la.

Ganesha, de fato, é o símbolo daquele que descobriu a Divindade dentro de si mesmo.

Ganesha é o som primordial, OM, do qual todos os hinos nasceram.
Quando Shakti (Energia) e Shiva (Matéria) se encontram,
o Som (Ganesha) e a Luz (Skanda) nascem.

Ele representa o perfeito equilíbrio entre força e bondade, poder e beleza.
Ele também simboliza as capacidades discriminativas que provê a habilidade de perceber a distinção entre verdade e ilusão, o real e o irreal.


 
Cada elemento da imagem de Ganesha tem seu próprio valor e seu próprio significado simbólico:





• A cabeça de elefante indica fidelidade, inteligência e poder discriminatório;
• O fato dele ter apenas uma única presa (a outra estando quebrada) indica a habilidade de Ganesha de superar todas as formas de dualismo;
• As orelhas abertas denotam sabedoria, habilidade de escutar pessoas que procuram ajuda e para refletir verdades espirituais. Elas simbolizam a importância de escutar para poder assimilar ideias. Orelhas são usadas para ganhar conhecimento. As grandes orelhas indicam que quando Deus é conhecido, todo conhecimento também é;
• A tromba curvada indica as potencialidades intelectuais que se manifestam na faculdade de discriminação entre o real e o irreal;
• Na testa, o Trishula (arma de Shiva, similar a um Tridente) é desenhado, simbolizando o tempo (passado, presente e futuro) e a superioridade de Ganesha sobre ele;
• A barriga de Ganesha contém infinitos universos. Ela simboliza a benevolência da natureza e equanimidade, a habilidade de Ganesha de sugar os sofrimentos do Universo e proteger o mundo;
• A posição de suas pernas (uma descansando no chão e a outra em pé) indica a importância da vivência e participação no mundo material assim como no mundo espiritual, a habilidade de viver no mundo sem ser do mundo.


 • Os quatro braços de Ganesha representam os quatro atributos do corpo sutil, que são:

mente (Manas),
intelecto (Buddhi),
ego (Ahamkara),
e consciência condicionada (Chitta).

O Senhor Ganesha representa a pura consciência - o Atman - que permite que estes quatro atributos funcionem em nós;

- A mão segurando uma machadinha, é um símbolo da restrição de todos os desejos, que trazem dor e sofrimento. Com esta machadinha Ganesha pode repelir e destruir os obstáculos. A machadinha é também para levar o homem para o caminho da verdade e da retidão;

- A 2° mão segura um chicote, símbolo da força que leva o devoto para a eterna beatitude de Deus. O chicote nos fala que os apegos mundanos e desejos devem ser deixados de lado;

- A 3° mão, que está em direção ao devoto, está em uma pose de bênçãos, refúgio e proteção (abhaya);

- A 4° mão segura uma flor de lótus (padma), e ela simboliza o mais alto objetivo da evolução humana, a realização do seu verdadeiro eu.











O Senhor cuja forma é Om
Ganesha é também definido como Omkara ou Aumkara,

que significa "tendo a forma de Om ou Aum.
De fato, a forma do seu corpo é uma cópia do traçado da letra OM do alfabeto Devanagari* - de deva "divindade" e nagari "urbana": "[escrita] urbana dos deuses" 

 
*O devanágari (देवनागरी, devanāgarī, de deva "divindade" e nagari "urbana": "[escrita] urbana dos deuses") é um abugida (escrita alfabeto-silábica) da família brâmica, do sul da Ásia, usada desde o século XII. Muitas línguas da Índia, como o híndi, o sânscrito, o marata, o caxemira, o sindi, o biari, o bhili, o concani, o bhojpuri e o nepalês, usam o devanágari. É escrito e lido da esquerda para a direita.




Por causa disso, Ganesha é considerado a encarnação corporal do Cosmos inteiro,
Ele que está na base de todo o mundo fenomenal (Vishvadhara,Jagadoddhara).



Além disso, na Linguagem Tamil, a sílaba sagrada é indicada precisamente por uma letra que relembra o formato da cabeça de Ganesha.



sábado, 26 de fevereiro de 2011

Hinduismo - Sri Shiva Mahadeva

Junto com o Senhor Vishnu e com Devi – esposa de Shiva, Shiva, ou Siva, ou Maha-deva, é um das mais populares deidades no Hinduísmo dos dias de Hoje, apesar de Shiva não aparecer nos clássicos Vedas.

Suas raízes podem ser encontradas junto com o Senhor Rudra – o predecessor de Shiva nos Vedas

Como os outros grandes deuses Hindus, Shiva, cujo nome significa “alguém auspicioso”, é adorado de muitas e muitas formas, bem como por muitos nomes.

Uma vez que o Hinduísmo se espalhou para o subcontinente indiano, as deidades locais e tradicionais foram assimilando e tomando vários aspectos deste Deva.

Algumas das formas de Shiva são:


Dakshinamurti

.
Uma das formas mais populares do Senhor Shiva, como o Supremo Yogi em profunda meditação no Senhor Supremo, Vishnu ou Krishna, é a que Ele se encontra meditando no monte Kailasha, Sua morada nesta Terra, que fica no alto do Himalaia.

Ele é representado como um Sadhu (homem santo) renunciado, coberto com uma tanga, com o cabelo enroscado e amarrado no alto da cabeça. Ele veste uma guirlanda de serpentes Najas, e o rio Ganga (Ganges), flui do alto do seu coque.

Por detrás d’Ele nós vemos Seu fiel companheiro, o búfalo Nandi.

As serpentes - 
tal como aparecem nos sítios arqueológicos nas Américas... - que sempre aparecem em volta dos braços, pernas, cabeça e como colares... nesses deuses simbolizam a Sabedoria... 


Nataraja

A parte importante de Shiva na Trimurti é a destruição no mundo material após um ciclo de criação, Ele representa a visão cíclica do tempo conforme a visão do Hinduísmo.

É o Dançarino Cósmico – é o deus da criação e destruição, que sustenta através de sua dança, o ritmo interminável do Universo

A palavra sânscrita “nataraja” significa Rei (raja) do Dançarinos (nata). “o rei da dança”; e nesta forma diz respeito a dança da transformação ou da destruição, no fim de um ciclo, protagonizada pelo Senhor Shiva, fazendo, assim, o movimento eterno do universo.

Como sua dança, toda a criação se move de várias formas.

Quando a dança termina, o universo chega a um fim. 




A dança de Shiva simboliza não apenas os ciclos cósmicos de criação e destruição, mas também o ritmo diário de nascimento e morte, visto no misticismo indiano como a base da existência.

Ao mesmo tempo Shiva nos lembra que as várias formas do Mundo são Maya – não fundamentais mas em permanente mudança, portanto, ilusórias... e, na medida que segue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante de sua dança que é na verdade, a contínua criação-destruição do Universo, a morte equilibrando exatamente o nascimento, o aniquilamento como o fim de tudo aquilo que veio à existência – por isso as coisas são consideradas Maya ou ilusórias...

Na crença hindu, todas as vidas são parte de um grande processo rítmico de criação e destruição, de morte e renascimento e a dança de Shiva simboliza esse eterno ritmo de vida-morte que se desdobra em ciclos intermináveis.


Nas palavras de Ananda Coomaraswamy
em seu livro “The Dance of Shiva” – Nova York - 1969:

“Na noite de Brahman, a natureza acha-se inerte e não se pode dançar até que Shiva o determine:

ele se ergue dançando de Seu êxtase e, dançando, envia através da matéria inerte ondas vibratórias do som que desperta e, vede!, a matéria também dança, aparecendo como uma glória que circunda.

Dançando, Ele sustenta seus fenômenos multiformes.
Na plenitude do Tempo, dançando ainda, Ele destrói as formas e nomes pelo fogo e lhes concede novo repouso.

Isto é poesia e, contudo, também é ciência.”



Ele representa o eterno movimento do universo que foi impulsionado pelo ritmo do tambor e da dança. Apesar de seus movimentos serem dinâmicos, como mostram seus cabelos esvoaçantes, Shiva Nataraja permanece com seus olhos parados, olhando internamente, em atitude meditativa.

Ele não se envolve com a dança do universo pois sabe que ela não é permanente. Como um yogue, ele se fixa em sua própria natureza, seu ser interior, que é perene.




Em uma das mãos, Shiva Nataraja segura o Damaru, 



DAMARU
O tambor em forma de ampulheta representa o som da criação do universo.
 
e representa o masculino e feminino da criação, juntos numa mesma peça;
com o qual marca o ritmo cósmico e o fluir do tempo.

Segundo a mitologia, enquanto Shiva tocar o damaru o universo continuará existindo.

Na outra mão, traz uma chama, símbolo da transformação e da destruição de tudo que é ilusório.

As outras duas mãos, encontram-se em gestos específicos.
A direita, cuja palma está a mostra, representa um gesto de proteção e bênçãos - abhaya mudrá.
A esquerda representa a tromba de um elefante, aquele que destrói os obstáculos, o qual refere-se à força,



Siva dança sobre um anão, que representa a ignorância.

e a sua perna livre simboliza a liberação.

ao seu redor está uma roda de fogo, que representa o poder da renovação.

As chamas que o rodeiam, também, dizem respeito à energia pura, e o sagrado Mantra OM .

OM ou Aum
é o mais importante símbolo religioso do hinduísmo,
e significa o Espírito Cósmico.


No hinduísmo, o universo brota da sílaba OM.

É interessante comparar essa afirmação com a conhecido prólogo do Evangelho de São João: "No princípio era o Verbo (a sílaba, o som). E o Verbo era Deus. (...) Tudo foi feito por Ele (o Verbo) e sem Ele nada se fez."

É com o som do Damaru que Shiva marca o ritmo do universo e o compasso de sua dança.

As vezes, ele deixa de tocar por um instante, para ajustar o som do tambor ou para achar um ritmo melhor e, então, todo o universo se desfaz e só reaparece quando a música recomeça.


Turista e Leão Marinho

uma turista se sentou na praia, na ilha Georgia do Sul, no Atlântico Sul - “próximo ás ilhas Malvinas/Falklands”, para admirar os elefantes marinhos e os pinguins na Baia Dourada;...

inesperadamente, um dos elefantes marinhos se sente atraído por ela e, pouco a pouco, vai se aproximando;... é uma cena fora do comum e muito interessante,...

que nos faz refletir sobre o seguinte:...quando manifestamos e projetamos confiança, carinho e amor, sem nos atermos as manipulações do “medo”,....estaremos recebendo em troca “manifestações de confiança, carinho e amor” 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Hinduismo - Vishnu


VISHNU, representa SATTVAGUNA, o modo da bondade, e é responsável pela sustentação, proteção, e manutenção do universo.

VISHNU é a fonte original de todos os Avatares e deuses. Ele está Presente em cada átomo da criação, bem como no coração de todos os seres.

A palavra Vishnu significa "aquele que tudo penetra", ou "aquele que tudo impregna".




É apresentado de duas formas principais:

Deitado em uma serpente de mil cabeças, flutuando num oceano de leite.

Neste caso é chamado de Narayana, aquele que mora nas águas cósmicas.
De seu umbigo sai um lótus onde está Brahma, o criador.
A seus pés está Lakshmi, representando a beleza e a riqueza 
que devem se curvar diante do Absoluto.
Envolvendo o lótus está uma serpente, Shesha, ou Ananta, 
que simboliza a eternidade.
Ela possui mil cabeças voltadas para o Senhor Vishnu, representando o ego
com seus mil desejos e pensamentos que reconhecem o Absoluto.

Vishnu é representado também em pé, sobre um lótus ou uma serpente.

Representa o sábio indicando a busca do conhecimento.

Apresenta quatro braços,
tendo em cada mão

um lótus - o conhecimento que sustenta a pureza da mente,
um disco - a destruição da ignorância e dos apegos,
uma concha - a origem da existência, os cinco elementos
uma arma, a massa - o poder do conhecimento, o poder do tempo.

Como preservador do cosmos, Vishnu mantém as leis do universo.

Enquanto a ordem prevalece no universo, Vishnu dorme.

Mas quando há desequilíbrio no universo, Vishnu se utiliza de seu veículo, Garuda, e guerreia com as forças do caos, ou ele envia um de seus avatares (ou encarnações) para salvar o mundo.

Acredita-se que Vishnu teria dez avatares, sendo os mais populares Rama e Krishna. A lista completa dos dez avatares é a seguinte:

1. O peixe Matsya
2. A tartaruga Kurma
3. O urso Varaha
4. O homem-leão Narasimha
5. O anão Vamana
6. O padre guerreiro Parashurama
7. O príncipe Rama
8. O pastor de animais Krishna
9. Buddha-Mayamoha
10. O cavaleiro Kalki


Sua Shakti, ou seja, seu aspecto feminino, sua consorte é Lakshmi, deusa da prosperidade, riqueza e da beleza.

Hinduismo - Lakshmi


A deusa da fortuna, fonte de toda a fartura, beleza e saúde neste universo. Ela é a esposa de Vishnu – o sustentador do Universo.

Lakshmi é o principal símbolo da potência feminina, e pode ser reconhecida por sua eterna juventude e formosura.




Ela sempre pode ser vista sentada sobre uma flor de lótus ou portando em mãos flores de lótus, e um cântaro que jorra moedas de ouro.

As lendas dizem que ela surgiu de uma colossal tarefa cósmica entre os principais líderes do bem e do mal, e quando ela apareceu, todas as grandes personalidades presentes perderam a compostura, devido a sua enorme refulgência atrativa e ofereceram tudo que tinham de melhor para tentar conquistá-la.

No entanto, Lakshmi examinou minuciosamente cada um deles e não pode encontrar nenhum naturalmente dotado com todas as boas qualidades.

Assim, como ninguém era internamente desprovido de imperfeições, ela preferiu Vishnu como seu esposo, que está além da matéria, e portanto livre de defeitos.


Geralmente , atribui-se a Lakshimi o símbolo da Suástica, que representa vitória e sucesso. Representa a riqueza, beleza ou fartura

É a parte feminina de VISHNU, o Conservador.

A graça de Deus está personificada em Lakshmi, que é eterna e onipresente.

Na Índia, quando alguém enriquece, se diz que Lakshmi foi visitá-lo, pois ela concede prosperidade e fartura aos homens.

Lakshmi atua, também, na beleza e no amor.
É a Deusa da fertilidade. 

Em uma das mãos posicionada no mudra ABHAYA que diz "Não tenhas medo".
Nos protege.

A outra mão posicionada no mudra VARADA (com os dedos para baixo) nos concede graça e prosperidade.

Segura uma flor de Lótus e senta-se nela, enfatizando a importância da vida pura sem a qual a prosperidade e a graça são como uma concha vazia.

A Flor de Lótus simboliza também a transcendência do espírito sobre a matéria.
O Elo que une a Terra ao Cosmos.


Vishnu e Lakshimi

e a serpente de mil cabeças, flutuando num oceano de leite

Hinduismo - Deuses e Deidades


Ao contrário do que a maioria pensa, a crença prevalecente do Hinduísmo é que há apenas uma única deidade Suprema e Absoluta, chamada Brahman.

Brahman - (termo neutro) é a Raiz Suprema, Imutável, Pura, Livre, Incorruptível, sendo a Verdadeira Existência Una
a Essência da Vida e Luz do Universo..
de onde emana

Brahmâ - o Criador , a Potência Masculino-Feninimo que se expande no Universo Manifestado.
O Universo vive em Brahmâ, dele procede e a ela voltará
porque Brahman - o não manifestado
é aquele Universo in abscondito
e Brahmâ - o manifestado é o Logos macho-femea.


Dizem os Hindus que o Universo é Braman e Brahmâ
porque Braman está em todo átomo do Universo,
sendo que os seis princípios da Natureza
são a expressão ou aspectos vários e diferenciados do
Sétimo e Uno Principio que é Brahman

e

Brahmâ - é o 6° Princípio - o veículo de Brahman
no plano da manifestação e da forma
ocasionando todas as permutações psíquicas, espirituais e físicas

O termo Brahmâ - o Criador
deriva da raiz "brid" - crescer, expandir
Daí que ao expandir-se Brahmâ se converte no Universo
tecido de sua própria substância...

A mesma idéia foi traduzida por Goethe nos seguintes versos:


"Assim no estrepidante tear do Tempo
eu trabalho
Tecendo para Deus a veste
com que hás de ver."


Contudo, o Hinduísmo está normalmente associado com uma multiplicidade de formas de adoração a Deus, e não dá preferência para uma forma particular por sobre outra.

As formas de deuses e deusas no Hinduísmo são milhares, e sempre representam os múltiplos aspectos do Brahman.

Todos os inumeráveis nomes e formas de Brahman constituem o que é conhecido no Ocidente como politeísmo, mas Deus é somente um e um só. De modo semelhante como Nossa Senhora tem muitos nomes e atributos no Cristianismo Católico, e mesmo assim é a única e a mesma, assim também é a forma como um hindu vê Deus.

As mais famosas formas das Deidades Hindus é, sem dúvida, a Trimurti (também conhecida como trindade Hindu), onde está
Brahmâ, o criador;
Vishnu, o conservador, e
Shiva, o transformador ou destruidor.

Também é possível encontrar Hindus que adoram os espíritos de arvores e animais.

As Deidades são representadas por uma enormidade e complexidade de imagens e ídolos, simbolizando o pode Divino. Muitos destes ídolos estão alojados em templos de incomparável beleza e grandiosidade da Índia, mas a grande maioria está nas casas das pessoas, e são simples e belamente adorados.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Meditação - Técnica de meditação melhora conectividade do cérebro

19/08/2010

Redação do Diário da Saúde


Papel da mente
Apenas 11 horas de treinamento em uma nova técnica de meditação gera modificações estruturais positivas na conectividade do cérebro.

E, o que é mais importante, as modificações aumentam a eficiência de uma parte do cérebro que ajuda a regular o comportamento de uma pessoa na busca da realização de seus objetivos pessoais




Esta foi a conclusão de uma equipe de pesquisadores chineses liderados por Yi-Yuan Tang, da Universidade de Tecnologia de Dalian, em colaboração com Michael I. Posner, da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos.


O estudo se junta a uma sequência de resultados que questionam cada vez mais o chamado "determinismo biológico", segundo o qual todo o comportamento humano seria resultado de seus genes e da estrutura biológica do seu cérebro.


Treinamento integrador corpo-mente
A técnica é chamada treinamento integrador corpo-mente, ou IBMT (Integrative Body-Mind Training), que foi adaptada da medicina tradicional chinesa na década de 1990. Naquele país ela é praticada por milhares de pessoas.

Agora, graças à colaboração entre o grupo chinês e os psicólogos norte-americanos, esta nova técnica de meditação está sendo ensinada a alunos de graduação na Universidade de Oregon.

O novo estudo - publicado no site da revista Proceedings of National Academy of Sciences - incluiu 45 alunos (28 homens e 17 mulheres) - 22 deles aprenderam e adotaram o IBMT (treinamento integrador corpo-mente) enquanto 23 participantes formaram um grupo de controle, que recebeu o mesmo tempo de um treinamento de relaxamento.

Durante os experimentos, os estudantes foram analisados por equipamentos de imageamento do cérebro. Um tipo de ressonância magnética, chamada imagens de difusão de tensão, permitiu que os cientistas analisassem as fibras de ligação entre as regiões do cérebro antes e depois da prática da meditação.

Controle das emoções
As mudanças foram mais fortes nas ligações envolvendo o cingulado anterior, uma área do cérebro relacionada com a capacidade de controlar emoções e comportamentos.

As mudanças na conectividade começaram depois de seis horas de meditação e ficaram totalmente claras após 11 horas de prática. Os pesquisadores afirmam que é possível que as alterações resultem de uma reorganização da matéria branca ou por um aumento da mielina que circunda as ligações.

As alterações foram observadas somente para aqueles que praticavam a meditação e não no grupo controle.

"A importância de nossos resultados diz respeito à capacidade de induzir mudanças estruturais em uma rede do cérebro relacionada com a autorregulação," afirma Posner, recentemente agraciado com a Medalha Nacional de Ciências dos Estados Unidos. "A rota que sofreu a maior variação induzida pela meditação é aquela que já havia sido demonstrado relacionar-se com as diferenças individuais na capacidade de regular conflitos."

Deficiências na ativação do córtex cingulado anterior têm sido associadas com transtornos de défice de atenção, demência, depressão, esquizofrenia, fobia social  e muitos outros transtornos. "Acreditamos que esta nova descoberta é de interesse para as áreas da educação, saúde e neurociências, bem como para o público em geral," disse Tang.


Consciência mente-corpo

A técnica de meditação utilizada - o treinamento integrador corpo-mente - ainda não está disponível ao público, nem mesmo nos Estados Unidos, por ser relativamente recente no Ocidente.

A prática evita a luta para controlar o pensamento, preferindo um estado de repouso em alerta, permitindo um elevado grau de consciência da ligação mente-corpo. Um treinador dá instruções para o ajuste da respiração, imagens para visualização e outras técnicas, tudo acompanhado por uma suave música de fundo.

O controle do pensamento é alcançado gradualmente, através da postura, do relaxamento, da harmonia corpo-mente e da respiração equilibrada. Segundo Tang, um bom treinador é essencial nessa nova técnica.

Veja outras pesquisas recentes que relatam modificações cerebrais induzidas pela meditação:

Meditação melhora o raciocínio em apenas quatro dias

Meditação melhora o raciocínio em apenas quatro dias

 20/05/2010
 Redação do Diário da Saúde


  
Ao longo do dia, a maioria das pessoas toma um cafezinho, um chimarrão, ou alguma outra bebida que ajuda a "acordar" e fazer o cérebro funcionar melhor.

Mas uma nova pesquisa, publicada na revista científica Consciousness and Cognition, sugere que uma pequena pausa para meditação pode fazer o mesmo efeito, deixando-nos mais "cognitivamente afiados" sem colocar o estômago em risco.

Meditar sem virar monge
Embora várias pesquisas anteriores, utilizando neuroimagens cerebrais, tenham demonstrado que as técnicas de meditação podem promover mudanças significativas nas áreas do cérebro associadas com a concentração, é comum assumir que a meditação exige um treinamento contínuo e uma dedicação intensiva para alcançar esses efeitos.

Isso faz a maioria das pessoas desistirem antes de começar. Apesar de todos quererem aumentar suas capacidades cognitivas, acredita-se que a meditação exige uma disciplina monástica ou o tempo e o dinheiro que a maioria das pessoas não dispõe.

Surpreendentemente, todos os benefícios da meditação poderão ser alcançados sem essa trabalheira toda.

Mudando a mente pela meditação
Estudando uma técnica de meditação conhecida como meditação da mente alerta, os cientistas descobriram que os participantes no treinamento de meditação apresentaram uma melhoria significativa nas suas habilidades cognitivas críticas depois de apenas 4 dias de treinamento, em sessões diárias de 20 minutos.

Embora isso soe quase como um anúncio de algum produto "milagroso" para perder peso, a pesquisa realizada na Escola de Medicina da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, sugere que a mente pode ser treinada no aspecto cognitivo de forma mais fácil do que a maioria das pessoas assume.

"Nos resultados dos testes comportamentais, nós estamos verificando algo que é comparável aos resultados que foram documentados depois de treinamentos muito mais longos," disse Fadel Zeidan, coordenador da pesquisa.

"Falando sinceramente, as melhorias profundas que nós verificamos depois de apenas 4 dias de treinamento de meditação são realmente surpreendentes," disse Zeidan. "Isso parece mostrar que a mente é, na verdade, muito fácil de mudar e facilmente influenciável, especialmente pela meditação."
 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

É possível estudar cientificamente a sobrevivência após a morte?

Capítulo publicado em:
Incontri, D. & Santos, FS. A Arte de Morrer – visões plurais. Bragança Paulista, SP. Editora Comenius, 2007. (pag. 36-44)
.
http://www.hoje.org.br/site/arq/artigos/20071122-EstudarCientificamenteASobrevivencia.pdf
.
Por  Alexander Moreira-Almeida
Psiquiatra, residência e doutorado em Psiquiatria pela FMUSP, pós-doutorado em Psiquiatria pela Duke University, EUA. Professor Adjunto de Psiquiatria e Semiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora. Fundador e coordenador do NUPES (Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da UFJF).

Introdução
Este capítulo aborda um tema que tem sido um dos maiores objetos de preocupações e reflexões ao longo da história humana: a sobrevivência da personalidade após a morte do corpo físico. Este tópico é central às religiões em todo o mundo e tem sido foco de inúmeras e intermináveis discussões filosóficas e teológicas.

Ainda mais controvérsias existem quanto à possibilidade de estudar cientificamente a sobrevivência após a morte. Neste breve capítulo, naturalmente, não pretendemos esgotar o tema, mas apresentar uma introdução muito breve ao assunto, com algumas reflexões e estudos que têm sido feitos neste tópico tão importante.

A questão da existência ou não da vida após a morte do corpo físico tem habitualmente sido considerada como metafísica, portanto, não passível de abordagem científica, ficando restrita ao campo das religiões, da teologia e da filosofia. Embora, a princípio, muitos possam considerar absurdo mesmo cogitar a possibilidade de pesquisas sobre a vida após a morte, esse assunto tem sido foco de muitos cientistas e intelectuais de destaque nos últimos 150
anos. Infelizmente, esse debate é habitualmente completamente desconhecido dos pesquisadores e clínicos da atualidade.

A princípio, os ramos da ciência que estudam a mente humana deveriam incluir dentro de seu escopo de investigação o entendimento da natureza da mente humana.

Assim, a Psicologia (etimologicamente: ciência da alma ou da mente) e Psiquiatria (medicina da alma ou da mente) deveriam ter como um de seus principais objetos de estudo a origem do funcionamento mental e se este se extingue com a morte corporal e a conseqüente destruição do cérebro. No entanto, esses tópicos não são abordados, sendo muitas vezes deliberadamente evitados, pela maioria dos pesquisadores da psicologia e psiquiatria.

Habitualmente, ou se considera resolvida esta questão no sentido de que a mente é produto do funcionamento cerebral e se extingue com a morte deste, ou este assunto é considerado fora da possibilidade de uma investigação científica (Kelly et al., 2007).

Muitas das objeções à possibilidade de investigação científica da sobrevivência postmortem se baseiam em pressupostos epistemológicos habitualmente não mais aceitos pela filosofia da ciência contemporânea. Para que uma teoria ou hipótese seja passível de investigação científica, um ponto fundamental é que ela deva levar a predições que sejam testáveis empiricamente (ou seja, com base na experiência, na observação) (Popper, 1963; Chalmers, 1997; Chibeni & Moreira-Almeida, 2007). Assim, o trabalho inicial deve ser o de checar se tais predições empíricas ocorrem ou não.

Defendemos a idéia de que os modelos (hipóteses) sobre a mente e sua relação com o cérebro, com suas implicações de sobrevivência ou não sobrevivência da mente após a morte cerebral, podem ter implicações empíricas testáveis, tornando-as passíveis de investigação científica. Uma das previsões mais diretas decorrentes destas hipóteses seria a existência ou não de evidências do funcionamento mental de uma dada personalidade após a morte do corpo físico.

Dessa forma, um ponto capital a se salientar é que uma discussão sobre um tema tão importante e controverso, para ser produtiva, não deve ser guiada apenas por idéias pré-estabelecidas (sejam elas teorias científicas, religiosas ou filosóficas).

Uma questão geralmente negligenciada, mas que precisa assumir preponderância neste debate é se há evidências empíricas relacionadas à sobrevivência postmortem. Por incrível que pareça, há mais de um século, pesquisadores de alto nível têm se envolvido com esta questão e investigado evidências empíricas neste sentido.

Essas propostas de pesquisa científica sobre a sobrevivência após a morte tomaram impulso em meados do século XIX com o advento do espiritualismo moderno na Europa e nos EUA. Isto se deveu ao fato do espiritualismo ter trazido à tona muitos fenômenos supostamente indicativos da sobrevivência postmortem. Como aquele era um período de grande valorização da ciência, buscou-se aplicar a abordagem científica também nos controversos fenômenos mediúnicos e aparições (Alvarado, 2003).

Embora habitualmente desconhecidas por pesquisadores e clínicos da atualidade, pesquisas sobre a relação cérebro-mente, natureza da mente e sua sobrevivência após a morte foram fundamentais para a psicologia e psiquiatria nascentes na transição dos séculos XIX e XX. Tais tipos de pesquisas ocuparam por muitos anos vários dos pioneiros destas áreas. Alguns exemplos são William James, Carl G Jung, Frederic Myers, J. B. Rhine, Hans Eysenck e Ian Stevenson (Almeida e Lotufo Neto, 2004; Crabtree, 1993; Ellenberger, 1970; Eysenck & Sargent, 1993, Stevenson, 1977, 2007).


 Muitos outros cientistas de outras áreas, vários deles ganhadores de prêmios Nobel, também se dedicaram à investigação da natureza da mente e sua sobrevivência após a morte. Entre eles estão Cammille Flammarion, William Crookes, Alfred Russel Wallace, Ernesto Bozzano, Alexander Aksakof, Oliver Lodge, Lord Rayleigh, J. J. Thomson, Cesare Lombroso e Charles Richet.

Provavelmente a empreitada neste sentido que reuniu o maior número de pesquisadores foi a Society for Psychical Research (SPR), fundada por pesquisadores da Cambridge University, na Inglaterra, em 1882. Além da SPR, vários outros grupos de pesquisa foram e têm sido formados com objetivos similares.





A seguir são listados alguns dos principais exemplos:
American Society for Psychical Research, EUA (fundada por Richard Hodgson e William James em 1885),
Instituto de Metapsíquica de Paris (fundado por Charles Richet em 1919),
Laboratório de Parapsicologia na Duke University, EUA (fundado por J.B. Rhine em 1927), Division of Perceptual Studies na University of Virginia, EUA (fundado por Ian Stevenson em 1967)
e VERITAS Research Program na University of Arizona, EUA (Fundado por Gary Schwartz em 1997).

Embora nem todos os pesquisadores tenham chegado às mesmas conclusões, eles geralmente compartilhavam a aceitação da possibilidade de investigação científica da sobrevivência postmortem. Abaixo, transcrevemos textos de dois pesquisadores deste tema que, separados por mais de um século, compartilhavam esta mesma opinião.

A primeira transcrição, do francês Allan Kardec, pioneiro na busca de investigação científica dos fenômenos espirituais, expressa a crença na possibilidade de uma investigação empírica de temas considerados previamente como metafísicos, como a sobrevivência após a morte.

“As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas. (...) Até ao presente, o estudo do princípio espiritual, compreendido na Metafísica, foi puramente especulativo e teórico. No Espiritismo, é inteiramente experimental. Com o auxílio da faculdade mediúnica, (...) mais bem estudada, o homem se achou de posse de um novo instrumento de observação.”
(p.20)
(Kardec, 1992 [1868])

A seguir, uma afirmação de Ian Stevenson, ex-diretor da Division of Personality Studies da University of Virginia, provavelmente o principal pesquisador do século XX sobre a questão da sobrevivência após a morte (Stevenson, 2007):

“A questão da sobrevivência do homem após a morte é certamente uma das mais importantes que alguém pode fazer a si mesmo. (...) A despeito de grandes dificuldades, esta questão é passível de investigação empírica”
(Ian Stevenson, 1977)

Que Evidências Existem para a Sobrevivência Após Morte?
Tendo em vista que muitos pesquisadores defenderam e ainda defendem a possibilidade de investigação científica da sobrevivência após a morte, que tipos de evidências estão disponíveis e a que conclusão é possível chegar a partir delas?

Ou seja, há evidências de vestígios da continuidade da atividade da personalidade após a desintegração cerebral?

Naturalmente, como em todos os temas controversos, não há uma resposta rápida e consensual. Também não pretendemos neste curto capítulo realizar um estudo aprofundado, nem explorar todas as nuances do tema. Conforme já explicitado, nosso objetivo se limita a introduzir o leitor ao tema e apresentar algumas reflexões a respeito.

Para uma leitura em maior profundidade, é recomendada a leitura das obras citadas nas referências bibliográficas.

Quando se procuram evidências a favor de uma dada hipótese, é preciso ter em mente qual grau de certeza se deseja alcançar. Importante ter em mente que não é possível encontrar a comprovação cabal e definitiva de qualquer hipótese em qualquer ciência, inclusive na física (Chalmers, 1997; Popper, 1963).

Esta ingenuidade epistemológica, a busca de uma prova definitiva, tem permeado o discurso de vários pesquisadores que comentam as pesquisas de sobrevivência postmortem (Moreira-Almeida, 2006).

Assim, o que se deve esperar das pesquisas científicas é o acúmulo de evidências a favor ou contrárias a uma dada hipótese. Idealmente, estas evidências devem ser de tipos variados e não apenas uma replicação continuada dos mesmos achados.

Ou, colocando-se do ponto de vista defendido por Karl Popper (1963), o falseacionsimo, a questão da sobrevivência postmortem poderia ser colocada de outra forma: há evidências que falseiam a hipótese de que a consciência é gerada pelo cérebro e desaparece com a morte física?

Assim, seria interessante o leitor agora se perguntar: “que evidências eu julgaria necessárias para colocar em xeque a hipótese monista materialista?” Ainda seguindo Popper, devemos lembrar que, para uma hipótese ser considerada científica, deve ser possível imaginar situações que, se confirmadas, nos levariam a rejeitar nossa hipótese.

Embora haja vários tipos de evidências sugestivas de vida após a morte do corpo físico, optamos por agrupá-las em três categorias: Mediunidade, Casos sugestivos de reencarnação e Experiências de Quase Morte.

A seguir, vamos apresentar uma breve descrição das pesquisas desenvolvidas nessas três linhas. Para uma descrição e análise mais aprofundadas, mas ainda assim introdutória, recomendamos o livro do filósofo Robert Almeder (1992). Para uma análise crítica mais pormenorizada e atual sobre a hipótese monista materialista com sua proposta de reduzir a mente a uma propriedade do cérebro, ver a obra Irreducible Mind de Edward Kelly et al. (2007).

Mediunidade

Mediunidade aqui é entendida como a situação em que uma pessoa acredita estar recebendo uma comunicação de uma fonte espiritual, não física. Neste sentido, a mediunidade tem estado presente ao longo da história em praticamente todas a civilizações, estando na base de grande parte das religiões. Entretanto, a busca de investigação científica desta experiência teve início apenas em meados do século XIX.

Naturalmente, grande parte das comunicações consideradas mediúnicas podem ser facilmente explicáveis como fraude ou exteriorizações de conteúdos inconscientes da mente de alguém tido como médium.

Devido à credulidade dos assistentes, comunicações genéricas, de conteúdo aplicável a qualquer pessoa, podem ser tidas como evidências de sobrevivência postmortem por pessoas fragilizadas psicologicamente pelo falecimento de um ente querido. No entanto, estas hipóteses são sempre levadas em consideração pelos investigadores da mediunidade. Do ponto de vista de evidência de sobrevivência, as comunicações só têm valor após a exclusão destas explicações iniciais.

Embora a maioria das supostas comunicações mediúnicas possa ser explicada por fraude ou manifestação do inconsciente do médium, há um bom número das que não podem ser descartadas com tanta facilidade (Gauld, 1982; Almeder, 1992).

Um primeiro tipo de comunicação mediúnica de interesse para nosso tema são aquelas que trazem informações verídicas, de conhecimento do indivíduo falecido, mas que são desconhecidas do médium.

Estas informações podem incluir detalhes sobre as circunstâncias da morte, apelidos de familiares ou fatos pitorescos conhecidos apenas na intimidade da família da personalidade falecida que supostamente se comunica pelo médium.

Fenômenos desse tipo foram descritos muitas vezes nas cartas psicografadas por médiuns como Chico Xavier e Divaldo Franco para pessoas que perderam entes queridos. Entretanto, infelizmente, as investigações publicadas a este respeito ainda são escassas e merecem ser replicadas com um aprimoramento metodológico (Severino, 1990; Franco & Pereira, 1994). Pesquisas rigorosas foram realizadas na Europa e nos EUA, com resultados positivos (Almeder, 1992; Stevenson, 1997; Schwartz, 2002). Estudos duplo-cego têm sido realizados para evitar que a sugestionabilidade de quem recebe uma mensagem o leve a considerar como verídica uma comunicação com conteúdo genérico (Roy & Robertson, 2001; Schwartz, 2002).

Algumas pessoas aceitam que as comunicações trazem informações verídicas desconhecidas pelo médium, mas não as atribuem à comunicação de uma personalidade desencarnada.

Alguns autores afirmam que os médiuns podem ter obtido estas informações telepaticamente dos familiares do falecido que foram até o médium para tentar obter uma comunicação. Este tipo de explicação se torna mais improvável quando a comunicação com informações verídicas ocorre mesmo na ausência de algum conhecido da pessoa falecida que supostamente se comunica (Gauld, 1982).

Um tipo de comunicação mediúnica que é ainda mais difícil de se explicar telepaticamente é quando o médium, durante o transe mediúnico, exibe habilidades não aprendidas previamente.

Neste sentido, uma das mais notáveis e raras é a da xenoglossia responsiva, quando o médium consegue conversar numa língua existente, mas que ele não aprendeu previamente (Almeder, 1992; Stevenson, 1977; Stevenson & Pasricha, 1979).

Outros tipos de habilidades não aprendidas, mas que eventualmente são exibidas por médiuns são a xenografia (escrever numa língua desconhecida pelo médium), pintura e poesia. O primeiro livro publicado pelo médium Chico Xavier, aos 22 anos de idade, continha 259 poemas atribuídos a 56 poetas de língua portuguesa já falecidos.

Este livro foi objeto de investigação de uma dissertação de mestrado em literatura que identificou a similitude estilística entre os poemas psicografados e aqueles que foram escritos pelos poetas em vida (Rocha, 2001).

Um outro tipo de habilidade aparentemente exibida por médiuns, mas pouco estudada é a identidade caligráfica da personalidade comunicante com a caligrafia do indivíduo quando ainda em vida (Perandréa, 1991).

Exemplos de outros fenômenos considerados mediúnicos que têm sido investigados são as correspondências cruzadas (diferentes médiuns, sem contato normal entre si, de modo independente comunicariam mensagens que, isoladamente, careceriam de sentido, mas que, quando agrupadas, formariam um todo coerente), aparições por ocasião da morte (Gauld, 1982; Stevenson, 1977) e manifestações físicas como materializações e movimentação de objetos. Estes últimos, os fenômenos físicos, foram alvo de muitos tipos de fraude, o que gerou uma forte desconfiança em relação a este tipo de manifestação (Gauld, 1982).

   Reencarnação
Os casos sugestivos de reencarnação têm sido muito investigados em relação à pesquisa de vida após a morte, pois a reencarnação de uma personalidade requer a sobrevivência dela após a morte do corpo físico para que possa se manifestar num novo corpo.

Os casos sugestivos de reencarnação tipicamente envolvem crianças de 2 a 4 anos que começam a falar sobre uma suposta vida passada. Em alguns casos, relatam detalhes que permitem identificar e localizar uma pessoa falecida que se encaixa na descrição da criança. Habitualmente estas crianças param de falar sobre esta suposta vida passada por volta dos 7 anos (Stevenson, 2000).

Muitas das afirmações feitas por estas crianças são bem específicas, evidenciando um conhecimento sobre a vida de uma pessoa falecida desconhecida da família, muitas vezes morando em cidades distantes.

Este conhecimento não parece ter sido obtido por meios normais de comunicação (Schouten & Stevenson, 1998; Stevenson, 2000). Como no caso da mediunidade, a primeira tarefa é excluir fraudes ou afirmações genéricas que podem ser tidas pelos familiares como específicas de uma dada pessoa.

Um dado que chamou a atenção de Ian Stevenson, que documentou mais de 2.000 casos deste tipo, é que as crianças, além de exibirem conhecimento de fatos relativos a uma pessoa já falecida desconhecida, também evidenciam habilidades, traços de personalidade e mesmo marcas de nascença relativas à pessoa falecida, à suposta vida passada da criança. Estes traços físicos e comportamentais têm sido foco de maior investigação nas últimas décadas (Stevenson, 1997, 1999; 2000; Almeder, 1992)


Experiências de Quase-Morte/ Experiências Fora do Corpo

As experiências de quase morte (EQM) são relevantes para a presente discussão pois envolvem a experiência de alguma independência da mente em relação ao corpo físico. Nas últimas décadas, as EQMs têm sido foco de um razoável número de investigações e debates.

As EQMs surgem em situações de uma ameaça à vida, real ou imaginada, e envolvem, entre outras características, a percepção de estar fora do corpo físico, sentimentos de paz, vivenciar uma grande lucidez e clareza mental, encontro com pessoas já falecidas e/ou seres de luz, visão retrospectiva de toda ou partes da vida e o retorno ao corpo físico (Greyson, 2007).

Muitos buscam explicar a EQM como sendo fruto exclusivamente de alucinações por alterações cerebrais num moribundo (hipóxia, uso de várias medicações...) ou como criações mentais baseadas nas crenças e mecanismos de defesa psicológicos dos pacientes. Entretanto, os proponentes destas teorias habitualmente não realizam pesquisas com EQM e não testaram as implicações empíricas de suas hipóteses.

Embora a vivência das EQMs varie de pessoa para pessoa e entre as diversas culturas, parece haver um núcleo da experiência que se mantém relativamente inalterado entre as diversas culturas e pacientes (Athappilly et al., 2006; Greyson, 2007; Kelly et al., 2007).

Do mesmo modo, a ocorrência e as características da EQM não se mostraram relacionadas com os níveis de oxigenação sangüínea ou com o número de medicações usadas pelos pacientes (Greyson, 2007; van Lommel et al., 2001; Parnia et al., 2001). Assim, não parece que a EQM possa ser explicada como sendo devida à expectativa dos pacientes, hipóxia ou polimedicação.

Uma das características que mais chama a atenção na EQM é o funcionamento mental lúcido durante a EQM. Num paciente agonizante ou numa parada cardíaca, o cérebro, a princípio, deveria estar não funcionante ou com funcionamento bastante precário, como no estado confusional agudo (delirium).

Pesquisas indicam que o EEG se torna isoelétrico (indicando ausência de atividade elétrica cerebral cortical) após 10 a 20 segundos de parada cardíaca. No entanto, muitos pacientes que tiveram EQMs durante paradas cardíacas referem que conseguiam pensar e ainda com maior clareza e lucidez do que em estado de vigília normal. Ou seja, estes dados sugerem que a consciência pode não ser necessariamente totalmente dependente do funcionamento cerebral (Parnia & Fenwick, 2002).

Uma outra característica das EQMs que parece ser relevante como evidência de independência da consciência em relação ao cérebro e da possibilidade de sobrevivência postmortem são os relatos de descrições feitas pelo paciente, posteriormente confirmadas, de situações que ocorreram durante uma EQM e que o paciente não poderia ter percebido com seus sentidos normais, mesmo se estivesse desperto (Sabom, 1998; Stevenson & Greyson, 1979).

Conclusões
Conforme descrito anteriormente, o objetivo deste capítulo não é esgotar o tema, mas apenas apresentar algumas reflexões e pesquisas feitas em torno da possibilidade de investigação científica da sobrevivência após a morte. Para os interessados em um aprofundamento nesta inquietante e desafiadora questão, recomendamos a leitura da bibliografia citada ao longo deste texto, especialmente os livros de Almeder (1992), Gauld (1982) e Kelly et al. (2007). Uma fonte preciosa, com acesso gratuito e que disponibiliza a íntegra dos textos originais de muitos dos principais pesquisadores da área é: www.survivalafterdeath.org/articles.htm


Vários tipos de pesquisas que buscam investigar evidências de sobrevivência após a morte foram brevemente apresentados e apontam para a possibilidade de uma abordagem empírica desta questão. Naturalmente, as conclusões variam quanto à força destas evidências no sentido de confirmarem a hipótese da sobrevivência postmortem.

O psicólogo David Lester, numa obra que se propõe investigar as evidências da sobrevivência após a morte concluiu que “a pesquisa revisada neste livro não consegue convencer que há vida após a morte” (p.214) (Lester, 2005; Moreira-Almeida, 2006). Por outro lado, outros autores, considerando a força e a variedade das evidências que sugerem sobrevivência, concluem como o filósofo Robert Almeder : “Nós agora temos (...) evidências empíricas convincentes sobre a crença em alguma forma de sobrevivência após a morte (p. ix). (...)

Nós temos aqui apoio para uma crença confirmada baseada puramente em evidências factuais. A multiplicidade de argumentos provê a evidência extraordinária necessária para a convicção” (p.256) (Almeder, 1992).


Esperamos que este breve capítulo possa estimular a investigação científica em áreas menos habituais e, por isso mesmo, mais desafiadoras e coerentes com um espírito legitimamente científico de pesquisa, de investigação rigorosa das questões mais intrigantes e relevantes (Chibeni & Moreira-Almeida, 2007).

Referências Bibliográficas
Almeder, R. (1992). Death and personal survival: The evidence for life after death. Lanham, MD: Rowman and Littlefield.
Almeida, A. M.; Lotufo Neto, F. (2003). Diretrizes metodológicas para investigar estados alterados de consciência e experiências anômalas. Revista de Psiquiatria Clínica 30 (1): 21-8. Disponível em: www.hoje.org.br/site/artigos
Almeida, A. M.; Lotufo Neto, F. (2004). A Mediunidade vista por Alguns Pioneiros da Área da Saúde Mental. Revista de Psiquiatria Clínica 31: 132-41. Disponível em: www.hoje.org.br/site/artigos
Alvarado, C. S. (2003). The concept of survival of bodily death and the development of parapsychology. Journal of the Society for Psychical Research, 67, 65-95.
Athappilly G. K., Greyson B., Stevenson I. (2006). Do prevailing societal models influence reports of near-death experiences?: a comparison of accounts reported before and after 1975. J Nerv Ment Dis 194(3):218-22.
Braude, S. E. (2003). Immortal remains: The evidence for life after death. Lanham, MD: Rowman and Littlefield.
Chalmers, A. F. (1997). O que é ciência afinal? São Paulo: Ed. Brasiliense.
Chibeni, S. S. & Moreira-Almeida A. (2007). Investigando o desconhecido: filosofia da ciência e investigação de fenômenos “anômalos” na psiquiatria. Revista de Psiquiatria Clínica 34 (supl 1):8-16. Disponível em: www.hoje.org.br/site/artigos
Crabtree, A. (1993). From Mesmer to Freud: Magnetic sleep and the roots of psychological healing. New Haven, CT: Yale University Press.
Ellenberger, H. F. The discovery of the unconscious. (1970). New York: Basic Books.
Eysenck, H. J. & Sargent, C. (1993). Explaining the unexplained: Mysteries of the paranormal. London, England: Prion.
Franco, D. P. & Pereira, N. S. (1994). Exaltação à Vida. Salvador: Livraria Espírita Alvorada Editora.
Gauld, A. (1982). Mediumship and survival: A century of investigations. London, England: Granada.
Greyson, B. (2007). Experiênicas de Quase Morte: implicações clínicas. Revista de Psiquiatria Clínica 34 (supl.1):116-25. Disponível em: www.hoje.org.br/site/artigos
Kardec, A. (1992 [1868]) A Gênese. Rio de Janeiro: FEB.
Kelly, E. F.; Kelly, E.W.; Crabtree, A.; Gauld, A.; Grosso, M.; Greyson, B. (2007). Irreducible Mind: Toward A Psychology For The 21st Century. Lanham, Rowman & Littlefield Publishers.
Kuhn, T. S. (1970). The structure of scientific revolutions (2nd ed.). Chicago, IL: University of Chicago Press.
Lester, D. (2005). Is There Life After Death? An Examination of the Empirical Evidence. Jefferson, NC: McFarland.
Moreira-Almeida, A. (2006). Book Review of "Is There Life After Death? An examination of the empirical evidence", by David Lester. Journal of Near-Death Studies 24: 245-254. Disponível em: www.hoje.org.br/site/artigos
Parnia, S., and Fenwick, P. (2002). Near death experiences in cardiac arrest: Visions of a dying brain or visions of a new science of consciousness. Resuscitation, 52, 5-11
Parnia, S., Waller, D. G, Yeates, R., and Fenwick, P. (2001). A qualitative and quantitative study of the incidence, features and aetiology of near-death experiences in cardiac arrest survivors. Resuscitation, 48, 149–156.
Perandréa, C. A. (1991). A Psicografia à luz da grafoscopia. São Paulo: Editora Jornalística Fé.
Popper, K. (1963). Conjectures and refutations. London, England: Routledge.
Rocha, A. C. (2001). A poesia transcendente de Parnaso de além-túmulo. Tese (mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da
Linguagem. Campinas. Disponível em: http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000236698
Roy, A. E., and Robertson, T. J. (2001). A double-blind procedure for assessing the relevance of a medium’s statements to a recipient. Journal of the Society for Psychical Research, 65, 161-174.
Sabom, M. B. (1998). Light and death: One doctor’s fascinating account of near-death experiences. Grand Rapids, MI: Zondervan.
Schouten S. A., Stevenson I. (1998). Does the socio-psychological hypothesis explain cases of the reincarnation type? J Nerv Ment Dis 186(8):504-6.
Schwartz, G. (2002). The afterlife experiments: Breakthrough scientific evidence of life after death. New York, NY: Pocket Books.
Severino, P. R. (1990). A Vida Triunfa. São Paulo: Editora Jornalística Fé.
Stevenson I. (1999). Past lives of twins. Lancet 17;353(9161):1359-60.
Stevenson I. (1977). Research into the evidence of man's survival after death: a historical and critical survey with a summary of recent developments. J Nerv Ment Dis. 165(3): 152-70.
Stevenson I. (2000). The phenomenon of claimed memories of previous lives: possible interpretations and importance. Med Hypotheses 54(4): 652-9.
Stevenson, I. (1997). Reincarnation and biology: A contribution to the etiology of birthmarks and birth defects. Greenwich, CT: Praeger.
Stevenson, I. (2007). Metade de uma carreira com a paranormalidade. Revista de Psiquiatria Clínica 34 (supl.1):150-5. Disponível em: www.hoje.org.br/site/artigos
Stevenson I, Greyson B. (1979). Near-death experiences. Relevance to the question of survival after death. JAMA 242(3): 265-7.
Stevenson, I.; Pasricha, S. (1979). A Case of Secondary Personality with Xenoglossy. Am J Psychiatry 136:1591-2.
van Lommel, P., van Wees, R., Meyers, V., and Elfferich, I. (2001). Near-death experience in survivors of cardiac arrest: A prospective study in the Netherlands. Lancet 358: 2039–2045

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Hinduismo - Dharma

"Quando as nações surgiram uma a uma sobre a terra,
cada qual recebeu de Deus uma palavra especial,
palavra com que dirigir-se ao mundo,
palavra singular que vem do Eterno e que cada uma deve pronunciar.

Ao passarmos os olhos pela história das nações,
podemos sentir ressoar da boca coletiva do povo esta palavra que,
expressa em atos,
constitui a contribuição de cada nação para uma humanidade ideal e perfeita.

Para o antigo Egito, tal palavra foi Religião;
para a Pérsia, Pureza;
para a Caldéia, Ciência;
para a Grécia, Beleza;
para Roma, Lei;
e para a Índia, o mais velho de Seus filhos,
 Ele concedeu uma palavra que a todas resumia,
a palavra Dharma.
Eis a palavra da índia para o mundo."
ANNIE BESANT - na Introdução de seu livro "DHARMA"


 
Dharma é um termo Sânscrito e significa   A Lei Sagrada; el Canon búdico.  

"Observem como as duas palavras, Dharma e Karma, podem ser tomadas uma pela outra. Elas nos proporcionam as chaves de que precisamos para desvendar o nosso problema. Que me seja permitido lhes dar em primeiro lugar uma definição apenas parcial do Dharma. Não posso, de uma só vez, apresentar uma definição completa. Apresentarei agora a primeira metade e tratarei da segunda quando chegar o momento oportuno. A primeira metade é a seguinte: "Dharma é a natureza interior que alcançou, em cada indivíduo, um certo grau de desenvolvimento e florescimento". É esta natureza interior que modela a vida exterior e se faz expressar por pensamentos, palavras e atos, natureza interior que nasce em um meio favorável ao seu posterior crescimento. A primeira idéia a ser apreendida é a de que o Dharma não é algo exterior, algo como a lei, a virtude, a religião, a justiça. E a lei da vida evolutiva, a que modela pela sua própria imagem tudo o que lhe é exterior."
(A. Besant:  Dharma).   

Dharma pode então ter vários significados
tais como Lei, religião, Justiça. Dever, Piedade, Virtude, Mérito, CondiçãoAtributo, Qualidade ou propriedade essencial, Doutrina, Credo, Código, Direito, Conhecimento, Sabedoria, Verdade, Prática, Bem, Obra Piedosa...

Dharma é também um dos nomes se Yana - o Deus da Justiça

(fonte - Glosário Teosófico H.P.B.)



Cada pessoa possui seu próprio Dharma pessoal
do mesmo modo que cada pessoa possui o seu Karma pessoal e intransferível...

Dharma pode ser definido como a “natureza interior de uma coisa num dado momento dá evolução, bem como a lei que governa o seu estágio  seguinte de desenvolvimento”.
  
Somente o nosso próprio Dharma pode nos conduzir à perfeição. 
 Meu Dharma é o estágio da evolução alcançado pela minha natureza, ao desenvolver aquela semente de vida divina que sou eu próprio, mais a lei da vida segundo a qual o estágio seguinte deverá ser vencido. 

Este diz respeito ao eu separado. Preciso saber em que estágio de crescimento me encontro, preciso conhecer a lei que me possibilitará crescer ainda mais; é então que passo a conhecer o meu Dharma, e é seguindo esse Dharma que me encaminho para a perfeição.

Eis porque se se refere ao Dharma como a uma lei, e às vezes como um dever, pois ambas as ideias têm por raiz comum o princípio de que o Dharma é a natureza interior num dado momento da evolução e a lei que rege o período seguinte de desenvolvimento.  
 
Dharma   significa   natureza   interior, sendo esta caracterizada pelo estágio presente da evolução mais a lei de crescimento para o estágio seguinte da evolução. 



O  Dharma dos seres primitivos humanos ou do animal superior, lhe é imposto. 
Não há escolha; a sua natureza interior, determinada pelo desenvolvimento do desejo, exige a satisfação. 

A lei do seu crescimento é a satisfação destes desejos. Desse modo, pois, o Dharma do primitivo é a satisfação de todos os desejos. E nele não encontramos nenhuma consciência do que é bem e mal, nem a mais vaga noção de que a satisfação dos desejos é proibida por alguma lei superior. 

Sem essa satisfação dos desejos, não poderia haver crescimento possível. Crescimento esse que deve preceder o despertar da razão e do juízo e o desenvolvimento das faculdades superiores da memória e da imaginação. Tudo isso se origina da satisfação dos desejos. 

A experiência é a lei da vida, a lei do crescimento. Sem acumular experiências de todos os tipos, ele não chegará a saber que vive num mundo submetido à Lei. 



Um segundo  estágio de evolução, o ser humano entende (ou começa entender) a diferença entre o Bem e o Mal - simbolizado em Gênesis  pela árvore e seus frutos... é a tomada de Consciência propriamente dito... tal com interpreta Dr. Jung...

A grande lei da evolução metódica que segue-se aos estágios iniciais é a lei das quatro fases sucessivas do desenvolvimento posterior do homem. Ela intervém após ter o indivíduo atingido um certo ponto, após ter passado pelo aprendizado mais elementar. 

Esses quatro Dharmas estão diretamente relacionados ao sistema de castas Hindú...

o 1° - é o da obediência e do servir
o 2° - é o de comando
o 3° - é o do guerreiro e da coragem
e o 4° - é o do ensino

"A alma deve ter assimilado todas as experiências inferiores antes que possa ensinar. Se ela não tiver passado por todos os estágios precedentes e não tiver alcançado a sabedoria através da obediência, da aplicação e da luta, como poderíamos chegar a ensinar? O indivíduo atingiu aquele estágio da evolução em que a expansão espontânea de sua natureza interior o impele a ensinar seus irmãos mais ignorantes. Estas qualidades não são artificiais. São qualidades inatas, que se manifestam onde quer que existam. Um Brahma não é um Brahma se o seu Dharma não o torna um mestre. Ele adquiriu conhecimentos e teve um nascimento propício para vir a ser mestre"....A.B.

Fontes:

Glosário Teosófico - H.P.B
Dharma - Annie Besant

Hinduismo ou Sanatana Dharma

O que normalmente é conhecido no Ocidente como “Hinduísmo” é, essencialmente, um fenômeno da Índia. Ele é a fé predominante pelo menos para cerca de 80% da população da Índia. Uma vez que a religião é uma forma de vida na Índia, o “Hinduísmo” forma parte integral da tradição da Índia inteira. A seguir, veremos uma breve e básica discussão sobre esta religião universal.

1. Definição
Não é fácil definir o Hinduísmo, porque se trata mais do que uma religião no sentido Ocidental, o modo como nossa história antiga o vê.

Também conhecido pelos praticantes como Sanatana Dharma, o qual significa “imperecível ou eterno”; religião/verdade/justiça, o Hinduísmo poderá ser mais bem definido como uma filosofia de vida, baseado nos antigos ensinamentos dos sábios e das Escrituras, tais como os Vedas e os Upanishads.




Hindu Dharma, numa analogia para estudo, pode ser comparada com os frutos de uma árvore (veja a figura), a qual tem
suas raízes (1) representando os Vedas e Upanishads;
o tronco (2) simbolizando a experiência espiritual dos enumeráveis sábios e santos; seus ramos (3) representando as várias tradições teológicas,
e os frutos (4) conforme seus vários tamanhos e formas simbolizando as várias seitas e grupos.

De qualquer maneira, o conceito de Hinduísmo desafia uma definição completa, devido a sua exclusividade de ver os aspectos do sagrado.


2. Característica única

O Sanatana Dharma possui uma característica única; Ele não possui um fundador, e tampouco uma doutrina central para a qual as controvérsias possam ser referidas para a resolução

Tampouco há dogmas e coisas do gênero, conforme as religiões do Ocidente.

Tampouco há um tempo referido como tendo um início.

O Sanatana Dharma não exige que seus adeptos aceitem uma ideia cultural em detrimento de outra, ou na que as pessoas de hoje costumam associar.

O Sanatana Dharma é marcado, também, por uma atitude segundo a qual ajeita-se as perspectivas culturais religiosas dos outros, que não a sua própria, sendo por isso caracterizado por uma rica variedade de ideias e práticas, resultando no que, aparentemente, seja uma multiplicidade de religiões que se abrigam som o nome de “Hinduísmo”.

Por conseguinte, o Hindu ismo é a única tradição religiosa que assim diverge nas suas premissas teoréticas, e expressões práticas, sendo como uma “compilação de religiões”.

De acordo com o filosofo Jeaneane Fowler, o Hinduísmo jamais poderá ser organizado dentro de um modo particular de sistema de crenças: monismo, teísmo, monoteísmo, politeísmo, panteísmo, panenteísmo – uma vez que estes sistemas são reflexos de suas muitas faces.

3. Origens

A palavra “hindu” é derivada do nome do “rio Indus”, o qual flui através do norte da Índia. Nos tempos antigos, o rio era chamado de Sindhu, mas os Persas, que migraram para a Índia, chamaram-no de rio Hindu; a terra do Hindustão, e a seus habitantes de “hindus”. Assim, a religião seguida pelos Hindus veio a chamar-se de Hinduísmo. 

De acordo com muitos historiadores, a origem do Hinduísmo está datada antes de 5.000 anos a.C.

Entretanto outros fazem uma datação muito anterior a essa...
De qualquer modo o Hinduísmo é considerado a religião mais antiga da história da nossa atual civilização humana, e, segundo Blavastsky 

O Budismo,  é uma emanação do Hinduísmo, e ambos são filhos de uma mesma mãe... a antiga Sabedoria Lemuro-Atlante.


“As tradições como a dos Boêmios, dos Franco-Maçons, dos Egípcios e a dos cabalista, corroboradas pela própria ciência oficial, estão de acordo em considerar a Índia como origem de nossos conhecimentos filosóficos e religiosos.” A Cabala - Papus – 120
.
No Hinduísmo, encontra-se desde sistemas altamente intelectuais, que envolve conceitos metafísicos de alta complexidade, formando assim um corpo de doutrina esotérica, até práticas rituais populares ou exotéricas.
.
Sem necessidade de, no momento, discorrer mais sobre o Hinduísmo, pois sua Tradição será extensamente abordada no decorrer desse estudo, tenho, no entanto a necessidade de apresentar sua literatura:.


1. os Vedas – a fonte espiritual do Hinduísmo, que forma uma coleção de antigos textos escritos por sábios e videntes. São 4 ao todo, sendo o mais antigo o Rig Veda, e no mais recente é o

2. Upanishads – que elabora um conteúdo prático e filosófico, contendo a essência da mensagem espiritual em seus versos.

3. Ramayana – sobra a vida de Rama.

4. Mahabharata – a antiguidade deste texto é um assunto controvertido, cada autor ou estudioso do assunto dão opiniões contraditórias, mas, é um épico que constitui a base da mitologia Hindu, onde encontramos o texto do

5. Bhagavad Gita - ou simplesmente Gita com é chamado, que relata a história de uma guerra entre duas famílias, onde fica claro que a ‘guerra’ é em sentido mais figurado do que real, representando, na verdade, a batalha espiritual da natureza humana em busca de iluminação, como podemos comprovar com o seguinte verso:



“Mata então com a espada da sabedoria
a dúvida nascida da ignorância que jaz em seu coração.
Fica em harmonia consigo mesmo, em Yoga ,
E ergue-te, grande guerreiro, ergue-te.”
Cp.4 v 42


aqui o termo Yoga significa segundo H.P. Blavatsky, - ‘completa tranquilidade mental’,
ou como Richard Wilhelm que traduz esse termo como significando um recurso ou meio de união entre os opostos, alcançando assim uma completa tranquilidade.
 

4. Princípios fundamentais

Uma vez que “religião” e cultura são termos próximos e inter-relacionados no Hinduísmo, expressões como

Bhakti - devoção
ou Dharma - o que é correto,
bem como
Yoga - disciplina,

são usadas descrevendo os aspectos essenciais da religião.

O Hinduísmo tem a adoração ao ídolo ou Deidade;
crê na reencarnação da alma,
bem como nas leis do Karma - ação e reação;
na verdade ou Dharma,
bem como busca Moksha ou Libertação.

Entre os ideais morais do Hinduísmo encontra-se o

Ahimsa ou não-violência,
bem como a Veracidade,
amizade, compaixão, coragem, perdão,
autocontrole, pureza e generosidade.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...